Fantasias para todas
Ménage à trois’, orgias, sexo em grupo e ‘swing’ são algumas das fantasias sexuais mais vezes referidas pelas mulheres que aceitaram participar na elaboração do livro ‘Fantasias Eróticas – Segredos das Mulheres Portuguesas’, da jornalista Isabel Freire, que é hoje apresentado em Lisboa.
Para Patrícia Pascoal, psicóloga clínica no Hospital Júlio de Matos e terapeuta sexual, seria de esperar que estas fantasias fossem as mais frequentes. “Sexo com uma terceira pessoa ou mais é a transgressão mais fácil de encontrar, porque estamos numa sociedade monogâmica. Logo não é de estranhar”, explicou ao CM, chamando a atenção para a diferença entre fantasia e desejo de concretizar: “São conceitos muito diferentes e, na maioria das situações, não há sequer essa vontade de colocar em prática as fantasias.”
Sendo o acto de fantasiar inevitável – “faz parte do ser humano que nos faz sentir ir mais além” –, existem fantasias que juntam numa só vários tabus: “Ao falar-se de sexo em grupo, ‘swing’ ou ‘ménages’ estão associadas várias transgressões. A principal será a monogâmia. Depois temos a orientação sexual, pois podem incluir parceiros do mesmo sexo, e também a privacidade.”
A verdade é que a partilha da fantasia sexual num casal é, muitas vezes, encarada como sinónimo de traição ou desejo de trair. “Existem várias situações destas, mas nem todas as fantasias têm de ser partilhadas. Estamos a falar de uma coisa muito íntima. São imagens que, na maioria dos casos, não são possíveis de verbalizar”, afirmou a psicóloga, acrescentanto que essa partilha, no entanto, pode ser positiva para o casal: “São os jardins proibidos de cada um. Saber partilhar e receber as fantasias do parceiro é um sinal excelente de boa comunicação, representando um papel importante na vida do casal.”
No total são 95 relatos de mulheres portuguesas, compilados numa obra que demorou cerca de um ano a produzir. Ainda hoje, “já depois de estar fechado”, a autora Isabel Freire confessa que continua a “receber respostas, suficientes para uma pasta cheia”.
Tendo utilizado a internet para difundir o projecto, uma das questões com que se deparou foi a veracidade dos relatos. “É impossível validar todas as respostas. Foi garantido, a todas as mulheres, o anonimato. Mesmo assim, muitas delas disponibilizavam, junto com a resposta, o nome e o contacto telefónico. Até o poderiam ter feito, mas quem é que se ia dar ao trabalho de falsificar um questionário tão difícil de responder?”, questiona Isabel Freire, justificando: “Em média, cada resposta tinha cerca de 20 páginas. Cheguei a receber textos com mais de 40.”
Quanto ao perfil da mulher que participou neste livro, a autora diz ser impossível traçá-lo: “Há vários tipos de mulheres. Dos 16 aos 60 anos, encontrei relatos de activas, passivas, dominadoras, exibicionistas, que não aceitam a penetração e que sonham ter um pénis. Variedade é a melhor palavra para as definir.”
Questionada se a mulher portuguesa tem uma mente mais ou menos perversa que as restantes europeias, Isabel Freire garante que não: “A minha investigação diz-me que as fantasias não são diferentes das espanholas, das francesas ou de mulheres de qualquer outra nacionalidade.”
Noticia - Correio da Manhã